
Um ano morando na Áustria

Do mural do amigo Canato Victor.
Já aviso esse texto vai ser gigante, mas além de querer compartilhar com amigos coisas que não converso no dia a dia (tipo como me fudi algumas vezes), quero deixar de lembrança para mim mesmo nessa plataforma que nos lembra de anos em anos de como estávamos fudidos a um tempo atrás.
Primeiro quem me conhece sabe que eu nunca quis sair do Brasil, sempre gostei da minha vida, do nosso país e tinha zero vontade de descobrir outros países. Acho o Brasil por si só um país incrível e com diversas coisas para se viajar e descobrir, o que eu também não fazia porque não tinha interesse. Sempre preferi minha vida mais caseira, indo nos eventos e festivais que curtia. Spoiler, isso mudou radicalmente.
ANTES DE SAIR DO BRASIL:
No final do ano de 2016 estava perto de me formar (coisa que ainda não fiz) e chegou um momento de decidir o que eu queria da vida. Já tinha passado 7 anos sem me decidir, ficando em cima do muro sobre fazer evento ou ser programador. E foram 4 meses, 4 longos, dolorosos e solitários meses para me decidir. Solitários não porque estava só, mas porque ninguém pode tomar essa decisão por você. Dolorosos porque abrir mão de algumas coisas por incertezas é difícil e longos porque a vida estava “parada” enquanto eu não me decidia.
Duas dicas que posso dar, a gente nunca vai saber se vamos tomar o melhor caminho, mas temos que decidir o caminho e ver depois se tá dando certo, se não, qualquer coisa muda.
Segundo, decidir o que você quer é a melhor coisa que você pode fazer à você mesmo, qualquer outra decisão se torna extremamente fácil.
Eu digo com um pouco de vergonha que tomei o caminho mais “seguro”, mas o caminho que está me fazendo mais feliz . Se não estivesse feliz já tinha mudado, até porque ser feliz é o objetivo final. O que não quer dizer que não passei aperto.
DECISÃO
Decidi que por 10 anos da minha vida vou focar em ser desenvolvedor e caso não me encontre voltaria para a vida de empreendedor e eventos noturnos. Na minha balança seria mais fácil voltar 10 anos depois para a vida noturna do que querer voltar para a programação 10 anos sem se atualizar, por isso o caminho mais seguro.
Então comecei realmente focar, comecei a estudar desenvolvimento de aplicativos, diminui o ritmo de festas, fechei a pequena empresa de eventos que tinha e comecei a procurar emprego de programador. Eu sempre trabalhei como programador nos últimos 7 anos (menos 2014) então meu currículo não era ruim, mas obviamente eu também não tinha uma dedicação tão boa quanto colegas que só focaram em computação, mas achei que minhas outras experiências iriam me ajudar, ter tido uma empresa, gerido equipe, saber de marketing, saber de vendas, contrato, planilhas financeiras, experiência com clientes e fornecedores etc..
E não, nada disso ajudou, bosta nenhuma. Consegui um emprego em uma agência de marketing digital onde fui treinado como google partner porque havia enviado meu currículo no ano anterior (para ver quanto estava perdido nas decisões). Aceitei, porque o emprego além de legal dava uma grana razoável.
E foi conversando com minha namorada na mesma época que ela sugeriu “Porque não vamos para fora? ficar um tempo fora e depois voltar vai melhorar nosso currículo”. E pela primeira vez isso fez muito sentido, nunca quis fazer Ciência Sem Fronteiras ou intercâmbio trabalhando fora só pela experiência, mas me encontrei em um momento oportuno de que não tinha nada a perder e poderia ganhar em muito no meu CV.
RUMO AO EXTERIOR
Pois bem, fui na AIESEC. E queria deixar aqui meu agradecimento a essa ONG, cada pessoa lá dentro me ajudou muito. E apesar de ser feita por estudantes em sua maioria e só com trabalho voluntário, só tive experiências boas, tanto na AIESEC de Brasília quanto na AIESEC Áustria que me acolheu. Minha experiência e adaptação foram ótimas. Se você for da AIESEC e estiver lendo isso, saiba como seu trabalho é importante.
Coloquei apenas que eu não queria ir para nenhum país da América. Outros como Europa, Índia, Ásia, qualquer lugar diferente para conhecer novas culturas. E que eu teria que trabalhar na minha área de desenvolvedor.
Bom, um mês depois que comecei a procurar e depois de muitas entrevistas às cinco, seis, sete da manhã e nenhuma resposta por mais de oito empresas consegui ser aprovado em uma empresa startup em Viena, na Áustria (Que eu nem sabia que existia antes. Vienna? Aquela cidade dos barcos [Veneza]? Áustria? aquilo cheio de cangurus?). Pois é, amigos próximos sabem o quanto sou afiado em história e geografia.
SORTE NA ÁUSTRIA
E posso dizer que dei sorte, vi outras pessoas procurando por três meses, seis meses. Um cara que trabalhou comigo, desenvolvedor da Turquia, procurava a mais ou menos 2 anos. Tem q focar, estar disponível e sempre atento. Mas uma hora rola.
Tinha acabado de ser “efetivado” na empresa de marketing digital, iria assinar o contrato depois de um mês de avaliação e treinamento. Expliquei minha situação agradecendo demais a oportunidade, mas não se compararia com o que teria na Áustria. Fiquei na empresa mais um mês, meu último mês no Brasil, para não deixar eles na mão e porque precisaria do dinheiro. Apesar de ser muito mais barato viajar pela AIESEC ainda tem diversas coisas que precisam ser pagas. E pela primeira vez desde os 16 anos minha família me ajudou e pagou algumas coisas, não precisava, mas foi um alívio. Eles me ajudaram com meu seguro viagem (que acaba hoje @@) e me dando meus primeiros euros para passar o mês até receber o primeiro salário.
Pois bem, com despedidas incríveis, surpresas ótimas que me fazem chorar até hoje só de lembrar e deixando para uma té logo um bando de amigos e uma namorada incrível embarquei para a europa pela primeira vez.
MEUS PRIMEIROS MESES EM NEUNKICHEN
Primeiro minha viagem durou 44 horas (viva passagem barata!). Tive minha mala quebrada de Buenos Aires para Londres (notadoocomprimido: mala esta que já foi do criador deste site! rsrs). E mesmo atrasado reclamei com a companhia.. eles me deram uma mala nova em 5 min… Primeira sensação de viva países de primeiro mundo.
Cheguei em Viena “OMG ESTOU NA EUROPA”, então….. achei tudo igual. Tinha gente bonita, gente feia, gente alta, baixa, coisa limpa, coisa suja, tudo muito mais caro que no Brasil, tudo funcionando muito melhor também. E a melhor coisa, a água da pia é potável e recomendada para beber. Isso me impressionou.
Na minha primeira semana fiquei alojado na casa de um cara que não conheci até hoje, ele deixou a chave com minha Buddy da AIESEC (minha amiga pessoal para me ajudar a adaptar) e me deixou ficar lá. Isso foi muito louco. Quando você no Brasil ia deixar a chave de casa para um amigo deixar um desconhecido ficar na sua casa? pois é.
Nessa semana de treinamento conheci mais umas 40 pessoas fazendo intercâmbio para trabalhar em outras startups, mas diferente de mim eles ficariam só 3 meses. Achei que estava fazendo aquelas amizades para vida inteira que nos encontraríamos para sempre e ficaríamos visitando o país uns dos outros. Leve engano. Sim, fiz boas amizades e mantenho contato, mas muito longe do que eu esperava.
RECOMEÇO
Depois comecei na minha startup. Pensa assim, Viena é a capital, minha empresa era em uma cidade próxima e eu morava em uma cidade próxima da cidade próxima de Viena.
Neunkirchen (nóin-quir-rem do alemão nove igrejas) era uma cidade que em 30 min eu andava a cidade toda. Porém, foi um momento muito foda, tinha uma BMW da empresa para andar, uma casa top, os outros desenvolvedores ainda não tinham chegado, não tinha hora para trabalhar, podia trabalhar de casa, podia pegar o trem para Viena (1h), podia dar role de carro para ver os campos de girassóis no verão. Onde o sol nasce 04 am e se põe 22 pm.
Imagina o dia a dia, acorda 8am, sem treta, dia lindo. Toma o café da manhã, curte a casa, faz um exercício, se arruma, pega a BMW, solzão, óculos escuros, hardstyle no som, pegar estrada que não tem limite de velocidade e o recomendado é 150km/h, chega na startup que vai pagar o almoço no restaurante, faz reunião, se sente importante e vai trabalhar até a hora que quiser.
Tesão de vida, mas nem tudo continuam flores…
Aprendi umas coisas diferentes, de como porque aquela cena europeia de pessoas bebendo vinho na grama acontecem. Primeiro eles trabalham das 9 às 17h, saindo as 5 da tarde no verão você ainda tem fuckings 5 horas de sol para aproveitar. Consegue imaginar o quanto que isso te dá de qualidade de vida? E não tem formigas nas gramas, provavelmente por causa da neve do inverno. Tu senta na grama e não tem quatrocentos e vinte e dois pézinhos subindo no seu corpo. Bem massa.
Mas começou a treta, meu chefe me disse que ele não podia me contratar em julho, pq eu tinha chegado dia 4 na áustria (ele pediu dia 3), mas só tinha começado a trabalhar dia 10. E por acordos a empresa só poderia começar a contratar no primeiro dia do mês… Fiquei bolado um mês trabalhando sem salário, mas se é a lei do país, vou fazer o que? (não era lei)
Algumas observações… ainda estava sem contrato, ainda estava sem visto e já estava trabalhando. Coisas que aprendemos, coisas que fazemos confiando nos outros a.k.a como tomamos no cu.
Aprendizado
Mas a empresa, apesar de não me pagar o salário, estava pagando a moradia, como prometido em contrato pela AIESEC e estava dando uma ajuda de custo.
Chegaram os outros desenvolvedores, dois turcos que tive a experiência de compartilhar a vida por 6 meses. Os caras eram ótimos e um deles inclusive virou um amigo para vida toda. E esse puto aprendeu a falar palavras em português sozinho só para xingar quando eu estava no telefone. Mas não recomendo a ninguém. Imagina a situação. Três caras morando fora do país, poucos ou nenhum amigos, trabalhando na mesma empresa, morando na mesma casa, usando o mesmo carro, fazendo compras juntos. A gente passava tranquilamente 16h por dia juntos por vários dias seguidos trabalhando. Tem noção disso? Nunca brigamos loucamente, mas tem hora que você não tem paciência para nada. Muito mais tempo que qualquer casal casado e não aposentado passa junto.
Mas os caras pressionaram a empresa pedindo a grana, porque eles chegaram um mês depois de mim, mas tinham que recebe agosto, nem que fosse parcial. E nisso eu recebi o parcial de julho também (axé).
Em setembro iria fazer 3 meses que estava na Europa (aqueles três meses que podemos ficar sem visto) e eu ainda não tinha começa o processo de tirar o visto… de repente as coisas apertaram, eu estava meio que confiando que a empresa estava cuidando, porque foi o que a empresa me prometeu. A primeira coisa que me falaram “não precisa se preocupar com papelada, só programar”…
Dica: se preocupe com papelada, pelo menos com a sua.
Ainda sim esses meses foram bons, viajei para vários países, conheci muito da Áustria, fui para festas de hardstyle quase toda semana. Trabalhamos muito, 50-60 horas por semana, felizes, aprendi pra caralho um monte de coisa, programação, experiência de usuário, metodologia ágil, voltei a ler livros, voltei a malhar em casa, yoga, meditar, etc. Nada disso durou muito.
Primeiro meu processo de visto estava demorando e setembro acabando… Sem contar que precisei me mudar, no papel, para Vienna, porque minha cidade não sabia tirar visto para estrangeiros. Ai seria mais fácil fazendo na capital, mas ainda sim estava sem visto. Opa.. teria que voltar para o Brasil? Ficar ilegal? momento massa . Mas não. Dei uma pressionada no meu chefe, ele ligou para o governo e “resolveu” que eu só precisaria sair da Áustria durante 24h. Na verdade sair de Schengen, que não é a União Européia, mas quase é. Pois bem, era sexta de noite, quando saí do escritório em direção a Croácia. Para ficar em um AirBnB refugiado da Europa.
Na época eu já suspeitava, mas hoje tenho certeza o que eu fiz indicado por meu chefe foi ilegal. Eu dei sorte de sair e voltar sem o pessoal da fronteira perceber que eu tinha acabado de voltar. Mas ele me disse que era um acordo da Áustria com Países Sul americanos. Porém eu entrei e sai pela Eslováquia, que tinha nada haver…. outra dica, e essa é foda de seguir, quando alguém te falar de alguma lei etc, pede o print dela, foto, número do documento qualquer coisa que você possa achar.
Notadoocomprimido: De fato o que o chefe indicou não é o correto, apesar de existir um método legal e parecido. Todo brasileiro, num espaço de 180 dias, pode ficar 90 dias no espaço do Tratado de Schengen sem precisar de visto. Ou seja, teoricamente ele pode sim sair do espaço Schengen e quando voltar ter seu visto “zerado”, mas só se ele tivesse ficado 90 dias fora. Isso sem falar que ele estar trabalhando sem o chefe ter arrumando o visto de trabalho também tá errado… mas vamos seguir com o texto:
Bom, na Croácia, tive minha primeira experiência bosta. O cara do Airbnb cancelou minha reserva quando faltava +- 1h para chegar lá. Ele pediu desculpas, mas tinha reservado por outro site e não viu minha reserva no AirBnb a tempo. TomeiNoCu.jpg
Perdido
Estou eu na Croácia, sexta de noite, sem internet no celular (celular da empresa perdeu o sinal saindo da Áustria e meu celular tinha acabado o crédito), sem lugar para dormir. Cansado para kct, rodei o centro da cidade procurando hostel, até olhei hotéis, mas tudo muito caro 200€ por noite. E eu iria precisar ficar duas noites. Como estava sem internet não consegui olhar meus e-mails direito, mas dado o cancelamento o AirBnB tinha se proposto a pagar duas noites de hotel para mim de até 200€ cada… se eu tivesse visto seria outra história.
Achei um hostel com vaga, fui buscar minha malas no carro (que estava na pqp, porque no centro não anda carro e onde tem vaga é caro), voltei lá 2 am. Dei boa noite para o cara que tinha me atendido antes e sabia que eu queria me hospedar lá. Ele me deu boa noite e começou a mexer no computador.. fiquei ali na frente dele morrendo de sono esperando. 30min, nada. 45 min.. aí eu perguntei se tinha algo errado com o sistema, se eu não poderia ir dormir e resolveríamos amanhã.
O cara me vira e fala que não tem nada errado. Ele só estava esperando eu falar algo… mano me subiu uma raiva da atitude idiota. O cara é um atendente de hostel eu to na frente dele com minha mala, depois de ter perguntado se teria vaga essa noite e ele “não sabia o que eu queria”… queria ter quebrado algo na saída, mas infelizmente não fui criado para isso.
Dormi no carro, no outro dia achei um hostel de boa, voltei para Áustria, com os carimbos no passaporte, puto. E iria piorar.
The Winter Was Coming, literalmente pela primeira vez.
Tive minha primeira tristeza real, meu aniversário. Mesmo meus roomates tentando comemorar, passei meu aniversário em casa trabalhando no frio, sem família, amigos ou namorada. Esse dia foi o mais difícil.
Meu visto saiu no final de Novembro, um ano de duração.
MUDANDO PARA WIENER NEUSTADT
Com a chegada do inverno os carros precisam renovar o seguro e trocar as rodas para as rodas de neve (no verão tem que trocar também). A empresa decidiu não gastar essa grana e tirar nosso carro. A ideia também era abrir um escritório em Viena então moraríamos no centro. Legal? Mais ou menos. A empresa queria que começássemos a pagar nosso aluguel em Viena, rolou um atrito porque a empresa não se sentia na obrigação de fazer isso, mas estava em contrato.
Em resumo, a empresa assinou o contrato com a AIESEC sem ler, e eles estavam errados. Pois bem, não fomos para Vienna, mas para a cidade próxima, onde ficava a sede da empresa.
Como não estava nos planos da empresa pagar nosso aluguel ficamos na ex-casa do nosso chefe, que mudou para Viena, perto da nova sede. Casa bem menor, inverno, sol se pondo 16-17h e nascendo 10am +-. Mais tempo com a galera e eu estava dormindo na sala, em um colchão no chão. Que também era escritório. E não tinha armário para as roupas. Aqui a parada ficou tensa.
Inverno
Inverno, neve pela primeira vez, indo mais para o trabalho, às vezes na própria cidade. Às vezes tinha que pegar o trem para Viena. Os salários as vezes atrasavam, mas ainda caiam uns dias depois.
Mas nem tudo eram trevas. Até que me adaptei bem ao inverno, do lado da minha casa tinha um parque e mesmo com temperaturas de zero ou menos um era possível e confortável sair para correr uns 5-6km. No parque tinha uns cervos, esquilos, cavalos, muito massa. Além da neve, o inverno é lindo. De verdade, fiquei encantado.
Estava indo mais a Vienna, mesmo não vendo o pessoal da AIESEC que tinha conhecido – pois já tinham voltado para os países deles, pude aproveitar mais a cidade. Mas inverno é isso, meio louco.
Foi nesse momento que comecei a me importar mais de ligar para os amigos, fazer vídeo chamadas. Cara, para quem está na cidade natal, dá zero valor para isso. Quem vai para fora sabe o quanto uma ligação, uma videochamada é importante. Claro que é impossível manter o mesmo nível de amizade, mas manter as amizades é importante.
Volta?
Até esse momento não saberia se voltaria para o Brasil, meu contrato com a AIESEC e a empresa acabava no final de Janeiro, minha graduação estava trancada e poderia trancar mais um semestre.
Tive um natal ótimo, minha irmã veio me visitar e fomos para Londres encontrar nossa tia, tio e primos. E tenho que dizer que contra todas as expectativas foi um natal em família ótimo. Só tenho a agradecer esse momento, felicidade plena o tempo todo.
Em janeiro meu chefe me disse que eles gostariam de me manter na empresa como efetivo, ganharia um aumento e teria que mudar para Viena (acabou a casa paga). Meus outros companheiros de equipe não receberam a mesma oferta e tiveram que voltar para Turquia.
FINALMENTE VIENNA
Visitei algumas casa e achei o lugar perfeito. E que ainda é perfeito. É impressionante quanto que um lugar bom faz diferença na sua vida. O quarto de um estudante que estava saindo durante seis meses para fazer intercâmbio já vinha com os móveis dele. Uma casa grande, com dois banheiros de banho, dois toaletes com cinco quartos individuais e uma varanda conectando. Um prédio bem centralizado, perto do rio, em uma área top perto da linha principal do metrô e o melhor com mais quatro roommates que são as melhores pessoas, me faz feliz todos os dias estar morando com eles.
Mesmo sendo mais caro vale cada centavo. Quem conhece sabe o que to falando quem quer conhecer e ainda tá lendo, está mais do que convidado hahahaha
E ao mesmo tempo começou outra época ruim na empresa. A sede em Wiener Neustadt estava se separando do novo escritório em Viena. O escritório de Viena continuaria os trabalhos da empresa e a sede se tornaria uma empresa de Marketing Digital (engraçado como o mundo é redondo). Então essa separação da empresa, mais o fato dos dois desenvolvedores terem voltado para a Turquia nos fez passar de uma empresa de quase 20 funcionários para uma empresa de 4 funcionários.
Em uma Startup isso seria até ok, mas o problema é que a mentalidade não mudou. Então passei dois, quase três meses com meu trabalho travado. Esperando autorização, um bando de planejamento, mas zero execução real. E comecei a ficar incomodado. Se no começo tínhamos entregas toda semana o que dava um senso de objetivo e satisfação, fazia meses que não entregávamos realmente nada. Tentei algumas vezes avisar o CEO, mas estava sempre tudo bem, era só um momento de ajuste.
Fail
Obviamente, os investidores em algum momento ficaram incomodados e cortaram a verba até terem respostas. Quem tomou no cu? Eu e mais uns empregados.
Fiquei quase três meses sem receber, até ser oficialmente despedido. Continuo sem receber, sem receber décimo terceiro e décimo quarto, sem receber férias. O lado bom é que na Áustria as coisas acontecem, pode demorar mas vou receber. O lado ruim é ficar tanto tempo sem dinheiro e gastando em euro. Começou uma época tensa.
Comecei a não ter grana para comer, pegar dinheiro emprestado, até precisei de ajuda da minha mãe para pagar aluguel, nada legal. Sério. Só quem já passou por uma situação de você ficar feliz porque tem 5 euros para poder comprar comida tem noção. Essa é a parte feia que a foto tomando sol na frente do rio Danúbio não mostra. Também sou orgulhoso para caraleo e evito pedir ajuda =x
(abre parênteses)
Antes de falar como resolvi isso, te falar de algo bom que aconteceu. Minha namorada linda veio me visitar, ia passar duas semanas aqui e era uma época de flores onde eu ainda recebia salário XD. Viajamos e foi muito bom. 8 meses sem se ver, cara 8 meses. Nosso amor continuava igual, mas algo tinha mudado, eu.
De uma forma muito louca percebi que as pessoas na Europa em geral não se tocam. O costume não é você chegar nos lugares conhecer gente e apertar mãos, dar beijos e abraços. Você inclina a cabeça, dá um aceno de mão sem tocar (claro que tem exceções). Abraços são escassos. E sem contar que comecei a ficar muito tempo sozinho, no computador, trabalhando. Isso me tornou uma pessoa mais anti social.
Quem me conheceu no Brasil sabe o tanto que eu gosto de ficar rodeado de amigos. Mas depois de 8 meses eu fiquei esquisito, não conseguia mais lidar com estar acompanhado três dias seguidos… sensação muito estranha, agora já estou bem melhor, consegui voltar “ao normal”, seja lá o que seja normal.
Queira fazer um adendo que fiquei apaixonado pela primavera, puta é com certeza a época mais linda, mais cheia de cores.
Então minha pequena estava tentando uma vaga de emprego na Sony em Budapeste e já que estava por aqui decidimos ir lá tentar uma entrevista ao vivo. Ela passou, esse momento, espero nunca esquecer. Estávamos em Budapeste em um quarto alugado do Airbnb, nos preparando para ir para festa, quando ela recebeu a mensagem que foi aceita e que moraria em Budapeste (3 horas de Viena de ônibus). Esse momento é um daqueles momentos de felicidade plena. Ela estava indo embora em 3 dias, mas com essa notícia não só viveria uma experiência que acho válida para caramba, como também estaríamos bem mais perto podendo viver mais coisas juntos s2. Queria dizer que chorei de felicidade mais do que consigo explicar.
(fecha parênteses)
Bom, voltando a empresa. A empresa sumiu (sim, ficaram sem responder para sempre), e não tenho direito a salário desemprego porque não completei um ano de trabalho na Áustria. Também não posso entrar na lista de desempregados da Áustria procurando emprego por causa do meu visto.
Cara a empresa podia ter ficado meses sem me pagar, mas o que mata é a falta de comunicação. Dá nos nervos.
Mas vamos aos lados bons, meu visto ainda é válido até novembro, mesmo se mudar de empresa. Por causa da família posso tirar cidadania Italiana, devo ir morar em Veneza um mês e pouco antes de novembro. Consegui um novo emprego \o/ antes de completar um mês de desemprego. Não foi fácil, mas foi satisfatório. Uns 25 currículos enviados +-.
Melhor salário, melhor escritório, finalmente terei uma mentora em programação e a empresa ainda vai me pagar aulas de alemão . Mas só começarei em agosto hahahaha
E essa está sendo a vida agora, por enquanto vivendo um momento mais simples financeiramente e me virando em pleno verão europeu, mas pelo menos o futuro está bonito, ainda precisarei ajustar algumas coisas, tipo formar.
Espero que tenha conseguido passar o que é morar fora é bom e ruim também. E sobre voltar para o Brasil, tem chance, mas por enquanto aqui as oportunidades estão melhores
Notadoocomprimido: se gostou desse texto, confira também a série #PortugaDiário, onde eu conto um pouco sobre a minha experiência de intercâmbio em Portugal.
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Vc falava italiano/alemao ou foi pra lá só falando inglês e vivendo em inglês mesmo? tenho cidadania italiana e pretendo mudar em breve pra austria
Oi Gian, se puder pergunta direto para o autor, o facebook dele é esse aqui 🙂
Que história incrível! Na real, mal posso esperar pelo meu momento de vazar na braqueara, não aguento mais pardais e tesourinhas. Hahah
Tudo bem Thiago? muito bom seus comentários. Morei fora e sei o quanto é difícil.
Preciso de alguém que faça a pesquisa de meus antepassados na Austria. COnhece alguém?
Olá Maria, não conheço ninguém para ajudar, mas obrigado pelos comentários!
Thiago, muito legal seu diário. Já morei fora e sei “dores e sabores”. Preciso de alguém que faça pesquisa de meus antepassados ai na Austria Pode me indicar alguém?