
#DesafioZelda ep2: Skyward Sword

Pra quem caiu aqui de pára-quedas, este é o segundo episódio do #DesafioZelda, em que estou jogando toda a franquia seguindo a ordem cronológica dos jogos. Se você perdeu o episódio 1, clique aqui.
The Legend of Zelda: Skyward Sword
O jogo é o décimo sexto título da franquia, mas o primeiro da cronologia. Em outras palavras, será nossa primeira parada. O jogo conta a história da origem da Espada Mestra, uma arma poderosa e recorrente dentro da série. Confira o trailer que na verdade é também a abertura do jogo:
Se você não sabe inglês clique aqui para ver a tradução.
Lançado no final de 2011, Skyward Sword surgiu alguns meses após o lançamento do Wii U… só que para Wii! Ele só foi relançado para Wii U em setembro de 2016. É como está acontecendo agora com Pokémon Ultra Sun/Moon, lançado para 3DS num momento em que todas as atenções estão no novo console (Switch).
O ÚLTIMO RESPIRO DO WII
O jogo até começou vendendo muito bem, sendo o título para Wii de maior sucesso durante a semana de lançamento em várias cidades/países, mas os números caíram rapidamente. Não se enganem, o jogo é muito bom (falarei mais dele adiante), mas foram vários os fatores que contribuíram para que ele ficasse “apagado”. O pessoal da Bônus Stage fez um review interessante em 2012 (clique aqui) e, apesar de achar que eles exageraram um pouco nos aspectos negativos, concordo em muitos dos pontos.
Um dos principais baldes de água fria foi a apresentação do jogo na E3 de 2010:
Não precisa saber inglês para ver o que está acontecendo de errado. A partir dos dois minutos, Miyamoto tenta demonstrar como funcionam os controles e… são péssimos! A ideia é que o controle simule os movimentos da espada do Link, mas fica evidente que os controles não o obedecem.
Como lembrou a Bônus Stage, o problema apareceu por causa do infravermelho de todas as câmeras, o que gerou interferência. Quando testei aqui em casa achei o controle muito bom. Só o que o estrago estava feito. É como no recente caso da falha do Face ID no lançamento do iPhone X. É algo que acontece, rapidamente surgiram explicações e desculpas, mas virou piada internacional.
Outro problema é que lançar o Skyward Sword no console da geração anterior, além de canibalizar as vendas do recém-chegado Wii U, criou mais um desafio: o da pirataria. Se tivesse sido lançado no Wii U, teria estimulado as vendas do novo console e evitado a pirataria, já que era um console novo. No mínimo poderia ter sido lançado nos dois consoles ao mesmo tempo. Felizmente a Nintendo aprendeu e Breath of the Wild, último game da franquia, foi lançado junto com o Nintendo Switch – com versão para o Wii U.
MAS VAMOS LÁ
Ok, tudo isso é muito legal (ou não), mas vamos ao que interessa. O primeiro desafio de jogar um jogo do Wii, bem, é ter um Wii.
Acabei descobrindo que meus irmãos tinham um Wii, só que estava em outro estado e era 110v, não funcionaria aqui no DF sem um conversor. Decidi então procurar um emulador.
Há muitas opções e testei algumas delas, mas com certeza a principal delas é o Dolphin.
Com esse emulador, 100% gratuito, você pode jogar Game Cube e Wii no Windows, Mac ou Linux. O site tá em português, e não é muito difícil de configurar, então não vou entrar em muitos detalhes. Se você precisar de ajuda, é só deixar um comentário abaixo.
DIFICULDADES
O grande problema é que, especificamente para jogar Skyward Sword, você precisa de um controle Motion Plus. O emulador não consegue emular o motion plus. Além disso, o jogo é todinho construído em cima da experiência de controlar a espada e o personagem com movimentos. É como você viu (ou deveria ter visto) no vídeo acima do Miyamoto.
Não se enganem: na internet tem um monte de vídeos e tutoriais ensinando a jogar sem o Motion Plus, mas não vale a pena. Eu tentei – e consegui, depois de dois dias tentando – jogar sem o controle do Wii e sem o Motion Plus, mas a experiência de jogo é muito ruim.
Só que usar os controle originais cria outra dificuldade. Você, bem, precisa de um sensor infravermelho para que eles funcionem. Como eu não tinha os sensores, acendi duas velas atrás do computador e, acreditem, funciona! Não é mandinga. É só ligar quando rodar o emulador, para configurar a posição dos controles em relação à tela, e depois disso pode desligar o fogo. Lembrando que se você mudar de posição os controles podem ficar um pouco desconfigurados. É importante ficar sentado sempre na mesma distância em relação ao computador/console.
Só que, antes de tudo isso, eu precisava dos controles. Lembrei que aqui no DF tem um grupo chamado “Boomerang” no Facebook onde você pode trocar itens ou serviços. Acabei conseguindo pegar emprestado um controle + motion plus + nunchuck, em troca ensinei o irmão da pessoa a instalar emuladores no seu computador. Só que os controles não eram originais e acabei tendo problemas para fazê-los funcionar (dá pra ver na foto que o nunchuck é da Multilaser).
Nesse meio tempo meu irmão conseguiu trazer o Wii pra mim. Peguei então o controle e o nunchuck, faltava apenas o motion plus. Fui de novo ao Boomerang e troquei o motion plus novamente por um tutorial de como instalar emuladores. Peguei o motion plus, configurei e dessa vez deu tudo certo!
O JOGO
Não é por acaso que no Metacritic, o jogo tem um índice de aprovação de 93/100. Ele recebeu notas perfeitas de várias publicações, incluindo Famitsu, IGN e VideoGamer.com. Os gráficos são lindos, com estilo artístico inspirado em obras de pintores impressionistas, por acaso um dos meus favoritos. Se pensarmos que ele foi lançado em 2011, é ainda mais impressionante como ele envelheceu bem.

Cena de Skyward Sword
Confesso que achei o ritmo um pouco lento no início, mas logo você tem mais liberdade e tem menos diálogos. A história é talvez a mais linear dos jogos que eu conheci, o que não é ruim, mas talvez alguns fãs tenham se decepcionado um pouco. Eu gostei, é muito difícil você não saber o que fazer a seguir, como pode acontecer em Ocarina of Time.
Uma particularidade, por ser o jogo número 1, é que Zelda ainda não é uma princesa. Ela é apenas uma amiga que cresceu com o Link. Isso a torna uma personagem muito mais interessante e complexa, ao invés de simplesmente uma “donzela” a ser resgatada. A amizade entre os dois é explorada e revelada de uma maneira muito bonita.
Outro fato interessante é o sistema de save. Pra quem conhece a franquia, Zelda tem um sistema muito estranho de saves, que mudam de um jogo para o outro e eu que estou acostumado com Pokémon acho péssimo. No Ocarina of Time, por exemplo, você salva e, se for Link criança, sempre acorda de volta na sua casa. Qual sentido disso?? No Skyward Sword, você salva numa estátua, como um “checkpoints”. Dá um pouco menos de liberdade do que salvar a qualquer hora, mas funciona muito melhor, porque quando você liga de novo o console recomeça na estátua onde salvou.
CONTROLE
Apesar de ter o melhor controle da época, o motion plus – ao contrário dos gráficos – não envelheceu tão bem. Ele é ótimo, mas a tecnologia melhorou muito desde então. Quase todos os consoles lançaram controles inspirados nele, e lá se vão mais de cinco anos. O próprio 3DS tem funções muito parecidas. É de se esperar que ele não seja tão preciso ou inteligente, mas faz bem o trabalho.
Não sei se é por causa do emulador, mas um problema real é quando eles decidem não fazer exatamente o que você quer. Sabe o Miyamoto jogando no vídeo lá de cima? Sim, às vezes acontece isso, e atrapalha. Não é sempre, mas tem que ter paciência.
SKYWARD SWORD VALE A PENA?
Aqui tenho que fazer uma revelação: no momento que estou escrevendo esse texto, ainda não zerei o jogo. Provavelmente farei uma parte dois ou atualizarei aqui. A questão é que, por ser de console, e por causa dos controles, ele não combina com o meu estilo de vida.
Trabalho praticamente o dia inteiro, chego em casa à noite. Tenho que arrumar as coisas, fazer comida, comer, tomar banho. O tempo que eu tenho para jogar é na hora do almoço ou à noite. Não dá pra jogar no trabalho com esses controles, mesmo no emulador. Em casa, se for pra abrir o emulador; ligar as velas (ou o infravermelho); configurar os controles pra só aí começar a jogar, já perdi uns quinze minutos. Só vou jogar por no máximo uns trinta, pra depois ter que guardar tudo. Fora que, de novo, os controles atrapalham. Você acaba fazendo barulho. Precisa de espaço. Não dá pra jogar com a minha namorada do lado dormindo ou simplesmente querendo relaxar.
ACERTO
Essa experiência foi importante porque cada vez mais eu vejo como a Nintendo acertou com o Switch. Eu, por exemplo, nunca tive nenhum console da Big N, mas tive quase todos os portáteis. Sempre se encaixaram melhor com o meu estilo, desde o colégio, passando pela faculdade e agora no trabalho. Várias vezes já levei meu Nintendo DS pro trabalho, para aproveitar aquela hora de almoço, a fila do self-service ou simplesmente quando não tem nada pra fazer.
Se a Nintendo tivesse lançado outro console e outro portátil, eu e tantos outros escolheríamos um dos dois. E não teríamos a experiência completa. Com o Switch, pagarei mais caro para ter os dois em um. No final de semana poderei jogar estilo console, e no dia a dia como portátil. É perfeito! E, se quiser ainda mais portabilidade, a Nintendo tem lançado alguns dos seus jogos para celular/tablet, e são muito bons.
PRÓXIMO CAPÍTULO:
Resumindo, deixei pra jogar o Skyward Sword nos finais de semana/feriados. No dia a dia, baixei um emulador de GBA para o celular, comprei um controle portátil e estou adorando Zelda Minish Cap! Dá pra jogar no trabalho, no transporte público, na cama, na rede, no banheiro (ops!), onde quiser! Para os próximos títulos de GBA/GBC, tentarei fazer eles rodarem no meu velho Nintendo DS Lite (comprei em 2011). Até semana que vem, com mais detalhes do Minish Cap e do RetroArch!
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