
Pra Ibaneis ver (mesmo que ele não esteja olhando)

No começo do século 19, a Inglaterra começou a pressionar o Brasil a parar de escravizar pessoas. Os motivos, óbvio, eram comerciais, mas isso não diminui a importância do processo (que infelizmente não foi concluído até hoje, já que ainda existem pessoas sendo escravizadas, inclusive no nosso país).
Para enganar os ingleses, o Brasil começou a colocar navios que supostamente iam atrás dos navios negreiros – mas era tudo encenação. Assim surgiu a expressão “pra inglês ver”.
Esta semana (fevereiro, 2021) tive que ir ao Centro Clínico Sul fazer uma consulta e fui surpreendido com uma nova “tecnologia”: estão medindo a temperatura de maneira automática através da palma da mão. Quando chegou a minha vez, estendi a mão e deu 34,5 graus (abaixo de 35 graus o ser humano entra em hipotermia). A próxima pessoa que mediu “estava” com 33. Não teve uma temperatura próxima do correto (ou éramos todos, sei lá, zumbis).
É bem verdade que desde o início a efetividade da medição de temperatura foi questionada, e a situação piorou quando começaram as fake news dos supostos efeitos do aparelho no cérebro e passaram a medir as pessoas pelo pulso (spoiler: o termômetro emite menos radiação do que o celular que você está segurando neste momento). No fim das contas, todo mundo já percebeu que as temperaturas saem erradas e essa medição não serve pra nada – só que há um decreto do Ibaneis que obriga os lojistas a fazerem isso.
Assim, surgiu a solução “pra Ibaneis ver” (e o pior é que ele nem tá olhando): colocaram um poste na entrada de um CENTRO MÉDICO, amarraram um termômetro e mandaram um “se vira”. A expressão foi ressignificada, mas continua fazendo vítimas.
“Se vira”, aliás, seria um excelente slogan para o governo do Capitão Cloroquina. Bem melhor do que o atual “morra”.